Água, Marketing, Bem Estar e Skincare
O marketing como fomentador do consumo d'água, a ascensão desse líquido como símbolo do bem estar, da beleza e seu protagonismo no mundo da maquiagem nos dias de hoje.
1. “mas elisei, porque esse tema?”
Uma vez um amigo comentou que eu provavelmente sou a pessoa que mais ama piscina que ele conhece e esse foi pra mim um dos maiores elogios que eu já recebi. Sim, sou piscineira. A sensação de estar submersa, da água fluindo pelo corpo como um todo, o silêncio - é uma experiência completa. Mas não é só piscina, o mar e até mesmo o chuveiro tem esse mesmo efeito. A água é poderosa assim - me lembro disso todos os dias quando olho pela varanda para essa imensidão azul que me cerca.
Outro dia enquanto admirava a maneira que o céu e o mar se convergiam no horizonte me peguei pensando no papel que a água tem na nossa vida: entre 60 e 70% do nosso corpo é composto por ela, é o elemento base para grande parte dos produtos que consumimos, é responsável por equilibrar inúmeros ecossistemas e é claro, nos hidrata - seja de dentro pra fora ou de fora pra dentro.
2. o poder da agua
E é dentre todos os seus benefícios e possibilidades que a água se destaca no universo da beleza - seja por meio da sensação refrescante, a leveza da sua textura ou o sensorial do toque. Algumas pessoas inclusive acreditam em uma rotina de cuidados que não conte com nada além de água, como conta Ariana Roberts para o Into The Gloss, blog da Glossier.
Entusiastas e especialistas supõem, testam e exploram as mais variadas versões, aplicações e usos para água em busca de mantê-la próxima e presente na nossa pele: seja quente, fria, por meio do vapor ou congelada, com outros ingredientes e até mesmo a relevância do sal da água do oceano.
Parece contraprodutivo quando pensamos no efeito que o mar tem na nossa pele - imediatamente lembro dos lábios ressecados após horas nadando, porém é desse ecossistema salgado que uma das marcas mais conceituadas de beleza do mundo, L’amer, retira seu ingrediente secreto - algas marinhas (agora não mais tão secreto rs).
A história é muito interessante, após um acidente em laboratório que resultou em queimaduras no seu corpo o Dr. Max Huber buscou no oceano as propriedades regenerativas para tratar a aparência das suas cicatrizes. As algas marinhas, ricas em nutrientes, foram base para mais de 6 mil experimentos envolvendo fermentação ao longo de 12 anos até resultar em um produto que garantisse a hidratação profunda e regenerativa buscada por Max. De acordo com a marca, após colhidas e durante a fermentação as algas ainda eram expostas a sons e luzes que remetessem ao fundo do oceano.
O creme que utiliza desse ingrediente se chama Crème de la Mer e custa em torno de €479, o que equivale a R$2.730. Pausa para digerir essa informação. Ele é reconhecido por ser extremamente hidratante, antioxidante e regenerativo - com esse preço infelizmente nunca poderei te contar o quão efetivas são suas propriedades.
Mas nem só de algas marinhas são feitos os melhores cremes que hidratam e deixam a nossa pele radiante! Hoje muitas marcas exploram ácido hialurônico e inúmeras manteigas e óleos para garantir fórmulas altamente hidratantes.
Aliás nem só de produtos de beleza se faz a hidratação da pele - frutas, legumes e alimentos de maneira geral assim como o que bebemos também são fontes diretas de hidratação para nosso organismo. Inclusive, já tomou água hoje?
3. de dentro pra fora
Dentre os muitos vídeos de top models e celebridades em entrevistas para grandes veículos a dica mais repetida é sem dúvidas: eu bebo muita água.
O consumo de água virou uma prática quase ansiolítica. Objetivos de litros a serem tomados, garrafas motivacionais com marcações de metas, aplicativos com lembretes e até diários de consumo se tornaram prática comum em uma era em que “a hidratação é tida como a cura para quase todos as angústias da vida” e o sentimento instituído de que não estamos, nunca, fazendo o suficiente pelo nosso corpo é constante.
E de fato, beber água e manter o organismo hidratado é extremamente importante, mas será que a subestimamos ao colocá-la em um pedestal de solucionadora de todos os nossos problemas?
Esse questionamento apareceu no processo de leitura e preparação para esse volume no qual encontrei o artigo - agora, aperte os cintos porque esses questionamentos e informações me tiraram o sono - da jornalista norte-americana Catherine LeClair para o The New York Times sobre a obsessão por trás do consumo d’água. Elenco agora alguns pontos pertinentes traçados por LeClair em seu texto de 2021:
De acordo com Michael Bellas, o presidente da Beverage Marketing Corporation, nos anos 70 campanhas de marcas como Evian e Perrier introduziram o conceito da água em garrafa como uma bebida refrescante de alta qualidade. Antes disso ainda existia uma forte cultura de consumo da água da torneira na América do Norte. Essas campanhas permitiram que a água competisse com sucos, refrigerantes, chás e até mesmo cervejas em grandes mercados como uma opção refrescante.
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O ponto de virada de acordo com o especialista, foi o fato de que ao engarrafar uma bebida sem calorias e que saciava a sede não se existia mais limite para o consumo d’agua. “Mudou a maneira que bebidas eram consumidas”, afirma Bellas. A partir desse momento as pessoas carregavam suas garrafas aonde fossem, on the go - e a partir do momento que existe a possibilidade de consumo em qualquer lugar, ela pode ser vendida em todo lugar.
Concomitante a essa popularização surgem críticas ao desperdício de plástico e o que isso representa para o meio ambiente. É então que as garrafas reutilizáveis entram em cena como uma solução sustentável. A empresa norte-americana Nalgene foi a pioneira e suas garrafas rapidamente viraram um acessório de desejo para jovens universitários devido a sua praticidade.
Além do valor prático, é relevante entender como a oportunidade de personalização dessas garrafas - desde a escolha da cor até a possibilidade de colar adesivos que te representassem - elevou o consumo de água do patamar de uma necessidade diária para um posicionamento.
Assim, o consumo de água se tornou algo simbólico. Uma afirmação tanto de um posicionamento ambiental, por meio das garrafas reutilizáveis, como de saudabilidade, por optar-se pelo consumo de uma bebida tida como tão pura.
A visão de que esses elementos são atrelados a credibilidade e uma estética mais balanceada permeiam até os dias de hoje, ocupando discussões e memes relevantes inclusive no TikTok.
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Depois de acompanhar o artigo de Catherine LeClair e digerir essa narrativa proposta pela indústria para água me peguei refletindo sobre um movimento notório do mundo da beleza, em que a água tem ganho cada vez mais destaque dentro do mundo da maquiagem nos últimos anos.
4. de fora pra dentro
Essa mesma obsessão pela hidratação de dentro para fora e o simbolismo por trás do consumo de água na sociedade contemporânea pode também explicar a inversão de prioridades no mundo da beleza, caminhando de uma era protagonizada pela maquiagem para a supremacia do skincare.
Marcas que antes eram voltadas para bases e corretivos de alta cobertura para esconder a pele agora se debruçam em produtos com muita leveza, tints e baixa cobertura - expondo a pele real.
Contudo, agora com o protagonismo de uma nova etapa que antecede a maquiagem - o skincare. Uma nova rotina garante a preparação e justifica a manutenção da pele para esse acabamento. Les Beiges de Chanel é o exemplo perfeito, o tint da marca que vem ganhando notoriedade redes sociais a fora é composto por 75% de água, com um efeito refrescante o produto promete uma pele radiante.
A base do momento - translúcida, líquida, iluminadora - incita a compra do serum, do creme e do ácido que a acompanham para garantir determinado efeito. É uma maneira de incentivar uma imersão ainda mais profunda nas águas do universo da beleza, uma vez que as oportunidades de consumo são agora mais extensas e complexas do que nunca.
No final das contas a água sempre pautou os costumes da humanidade, seja da permanência em determinado lugar milênios atrás até a maneira com que socializamos e interagimos nos dias de hoje. Na beleza não seria diferente.
5. “lá vem ela”
Quem trás as dicas mais legais de beleza hoje é Carlos Lessa, o makeup artist apresenta um passo a passo fácil para conquistar o wet look - maquiagem com efeito molhadinho - com novidades do mercado nacional:
“O passo mais importante para construir essa beleza fica na preparação de pele, pois buscamos uma beleza leve, radiante e que seja prática para o dia a dia. “
1. “A união da Vitamina C + Ácido Hialurônico ajuda nesse processo trazendo o glow para a pele, pois ambos proporcionam uma hidratação intensa.”
2. “Aposte em produtos multifuncionais cremosos e com acabamento natural, lembre-se que aqui menos é mais.” sugere Lessa ao esfumar o Balm Multifuncional de Herō Beautē no côncavo.
3. Os produtos multifuncionais protagonizam essa beleza - continuando a preparação da pele o produto da vez é o primer, parte do Duo Stick de Vic Beauté.
4. O mesmo Duo Stick, além de primer funciona como Iluminador - “ produtos multifuncionais são perfeitos para se ter sempre por perto, pois podem ser usados de diversas formas, desde da preparação até para finalizar e dar efeito na maquiagem”. Falando em finalização, a S.O.S Water também de Herō Beautē arremata o look molhadinho.
5. E voilá! Wet look completo com sucesso (:
Para mais dicas de beleza e conteúdo incrivelmente produzido acompanhem as redes do Carlos.
6. mood(isei)
Para esse volume criei um board no Pinterest recheado de maquiagens e penteados molhadinhos!
Para conferir o que mais me inspira e muito conteúdo exclusivo por quem vos escreve me acompanhe no pinterest, hoje tenho a honra de ser um dos creators parceiros da plataforma e vou amar trocar com você por lá também.
Além disso quero compartilhar um dos meus lip syncs prediletos na história de Drag Race! Quem performa no palco do Drag Race España é a Carmen Farala, assista para entender porque decidi encerrar este volume com esse vídeo:
Ah, e me conta o que achou, o que ou quem quer ver por aqui, o que te dá inquietude antes de dormir - vou amar pesquisar, ler e desbravar a internet para encontrar suposições para dialogarmos. Gostou? Nos vemos no próximo volume. Com carinho, Elisei.
Leitora Beta: Bianca Brauer Revisão: Natália Marques Colaboração de Conteúdo: Carlos Lessa